Protocolo de pesquisa multicêntrica integrada à capacitação profissional através da teleducação
Autora: Giceli Rodrigues Chaves Rinaldo
Doutorado
São Paulo, 2007
Resumo
Um dos problemas para desenvolvimento de trabalhos multicêntricos é a falta de protocolos padronizados compatíveis às políticas de saúde, que sejam de fácil entendimento e inserção de dados confiáveis, mesmo por pesquisadores não envolvidos no desenvolvimento do projeto. Por outro lado, algumas políticas de saúde pública não estão sintonizadas às necessidades populacionais nem aos programas de especialização, necessitando, portanto, da criação de cursos de treinamentos objetivos que garantam qualidade de entendimento dos assuntos abordados pelos protocolos. O Brasil possui grande número de portadores de deficiência visual. A reabilitação para portadores de baixa visão é pouco conhecida e praticada pela classe oftalmológica. No país, existe falta de programas de capacitação em Baixa Visão durante a residência médica e não existe sistematização do uso de protocolo multicêntrico para coletar dados confiáveis que permitam o levantamento do perfil nacional da baixa visão. A padronização, registro e intercâmbio dos dados multicêntricos necessários para estudos podem ser obtidos pela utilização de um protocolo para formação de um banco de dados nacional com grande valor para o desenvolvimento de programas em saúde pública. Este estudo teve como objetivo desenvolver e estruturar um protocolo multicêntrico para trabalhos em Baixa Visão, baseado no protocolo adotado pela OMS, com lançamento dos dados via Internet, mantendo a qualidade da informação inserida na ficha de pesquisa. Material e Método: Adequação do protocolo da OMS para a necessidade brasileira, integrado na Web. Desenvolvimento do curso básico de baixa visão, utilizando recursos de teleducação interativa. O protocolo foi preenchido por dois grupos de residentes, mas apenas um deles (grupo B) teve acesso prévio ao curso disponível na Web. O preenchimento dos protocolos foi avaliado por quatro especialistas. Para cada item da ficha de pesquisa foi atribuída uma nota segundo o grau de concordância do preenchimento com o padrão-ouro. Resultado: Foi criado um protocolo simplificado e implementado na Web que pôde ser aplicado em pacientes adultos e crianças, sua utilização não interferiu na rotina do atendimento ambulatorial. O curso foi executado pelo grupo B entre 2 e 3 dias. O nível de melhoria da qualidade das informações inseridas foi medido pela análise comparativa do preenchimento entre os dois grupos. O grupo B apresentou superioridade no preenchimento da ficha de pesquisa. Discussão: A elaboração do protocolo multicêntrico pode ser o ponto inicial para integração e intercâmbio das informações. O lançamento dos dados via Internet possibilita a formação do banco de dados que pode ser incrementado por diversos centros. A construção do programa de teleducação via Internet para a formação objetiva em Baixa Visão é uma ferramenta para difusão dos conhecimentos básicos desta especialidade, garantindo a melhoria das informações inseridas na ficha de pesquisa. A análise dos dados pode favorecer o delineamento do perfil da deficiência visual e estabelecimento de estratégias nacionais de atenção primária. Conclusão: É viável a construção de um protocolo de pesquisa multicêntrica, com dados relevantes sobre deficiência visual, orientado pela necessidade de desenvolver estratégia de política de saúde compatível com o protocolo Internacional. A utilização da Internet para lançamento dos dados possibilitou a formação do banco de dados que pode ser incrementado por diferentes centros oftalmológicos, passando a ter abrangência nacional. A construção do curso de teleducação proporcionou aumento da qualidade da inserção de dados.