Telemedicina e Telessaúde valorizam a humanização da relação entre profissionais de saúde, pacientes e familiares
O momento é de repensar sobre o uso das tecnologias para favorecer o lado humano e aumentar a eficiência
Chao Lung Wen
Professor Associado e Coordenador Geral da
Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP
Como as modernas tecnologias de comunicação podem humanizar os serviços prestados pelos hospitais, empresas de homecare e planos de saúde? Normalmente, quando se fala em Telemedicina e Telessaúde, existe a errônea associação de ideias de que estamos falando sobre interação exclusivamente a distância, e que os computadores e equipamentos tecnológicos tornam o atendimento mecânico, desumano e complicado, afastando médicos de seus pacientes. Na verdade, uma das principais potencialidades da Telemedicina é sua capacidade de aumentar os relacionamentos de confiança entre profissionais de saúde, pacientes e seus familiares.
A saúde moderna pode ser vista como um processo que encadeia um conjunto de ações de promoção de saúde (Cadeia Produtiva de Saúde). Os sistemas público e privado podem oferecer, de forma universal, serviços de qualidade e que garantam a prevenção de doenças e a rápida recuperação de pacientes, com efetivo acompanhamento domiciliar. E aí está o papel da Telemedicina: possibilitar o aumento da eficiência, fortalecendo o lado humano.
A moderna abordagem da Telemedicina e da Telessaúde fortalece a integração de serviços de qualidade a serem oferecidos por meios eletrônicos (e-health) e pelos sistemas móveis (smartphones e tablets), que possuem uma amplitude que vai além das videoconferências, dos monitoramentos a distância e das cirurgias com robôs, entre outros.
Vários serviços oferecidos a distancia podem reduzir os riscos do desenvolvimento de doenças ou da agudização de doenças crônicas (exemplos: diabetes, hipertensão arterial sistêmica, obesidade, aterosclerose etc.). Os smartphones e os tablets, cada vez com preços mais acessíveis, podem ser empregados no acompanhamento permanente das pessoas de risco , com possibilidade de comunicação rápida com profissionais especializados, do uso de aplicativos e/ou acesso a programas que disponibilizem informações para a prevenção de doenças, mudança de hábitos e promoção de qualidade de vida.
Os hospitais podem fornecer mais um serviço aos pacientes em pós-internação imediata. Podem acompanhar a recuperação desses pacientes em domicílio e disponibilizar diversos serviços de suporte às suas famílias, além de oferecer informações evolutivas para os médicos responsáveis por meio de tecnologia interativa. Pode-se estender a qualidade dos serviços hospitalares para a casa de cada um. Com isto, o paciente criará um vínculo maior com o hospital, entendendo-o como uma estrutura que tem o compromisso com sua recuperação, disponibilizando assim o serviço de telehomecare e acompanhamento.
Os serviços de cuidados domiciliares (homecare) podem expandir as suas ações usando a interação a distância para oferecer um apoio integral aos pacientes e seus familiares e para orientar cuidadores, sejam profissionais ou familiares. Com os recursos de Telemedicina, os cuidadores podem aprender a fazer a gestão diária de todo o processo de acompanhamento do paciente, conhecer os cuidados especiais em saúde e contar com uma retaguarda profissional. O telehomecare será um dos importantes desafios para as diversas áreas da saúde, tais como a medicina paliativa, os cuidados de pessoas com doenças crônicas, doenças degenerativas, idosos e pessoas com deficiência.
Para as operadoras, planos e cooperativas de saúde, incluir estes serviços por meio da Telemedicina poderá ser uma forma de diferenciar os seus portfolios. Além de reduzirem riscos e agravos, oferecerão uma forma humana e diferente de cuidar dos seus associados.
Estamos em um momento histórico: é a Telemedicina e Telessaúde que ajudam a repensar a saúde, de maneira integrada, otimizada e humana. É uma forma de ter o profissional de saúde constantemente ao seu lado.