Homem Virtual impresso em 3D: novas perspectivas para a educação em saúde no Brasil
As iniciativas e os avanços da Disciplina de Telemedicina da USP são temas de reportagem para a Revista Info Exame
Uma equipe da Revista Info Exame (online) realizou a gravação de um vídeo com o Professor Dr. Chao Lung Wen, Chefe da Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), no dia 16 de setembro de 2014. A reportagem completa será veiculada para assinantes do veículo. O tema da entrevista foi o Projeto Homem Virtual e a impressão de peças anatômicas em 3D. A Disciplina de Telemecidina recentemente adquiriu equipamentos para utilização em impressões de modelos anatômicos morfofuncionais. Saiba mais aqui.
Entre os assuntos abordados com a Info Exame, o professor Chao definiu a Telemedicina, contou como nasceu o projeto Homem Virtual e falou sobre as inovações do ensino na área de saúde a partir de impressões em 3D. Veja abaixo os principais pontos e a conversa gravada a partir de um tablet da Telemedicina, durante a entrevista com a revista:
Telemedicina – definição:
A Telemedicina é a utilização das tecnologias interativas, computacionais e de telecomunicação, para ofertar serviços de assistência, educação e pesquisa. Em assistência, pode-se citar o Programa Telessaúde Brasil Redes, que é a implementação da Telemedicina aplicada em Atenção Primária. Outros exemplos: TeleECG, Teleradiologia. Para fins de educação, é o uso de diversos recursos, entre eles, a educação a distância, a realidade virtual, computação gráfica 3D, sistema de simulação para capacitação profissional em serviço. As tecnologias móveis (tablets, smartphones) são os componentes mais importantes da telemedicina para fins de educação. No que diz respeito à pesquisa, a telemedicina tem um componente muito importante para as pesquisas clínicas, por exemplo, uma rede de telemedicina permitiria avaliar de forma mais rápida a aprovação de um medicamento no país.
Projeto Homem Virtual – nascimento:
O Homem Virtual nasceu em 2003, quando se começou a pensar em utilizar a computação gráfica para explicar assuntos complexos de saúde de forma fácil, visual e dinâmica. Inicialmente ensinou-se sobre pessoas que sofreram amputação: como exercitar-se para voltar a andar normal usando prótese? Esse foi o primeiro experimento, em conjunto com a Medicina Física e Reabilitação. Verificou-se que a comunicação gráfica tinha um amplo poder de comunicação, por isso, o recurso vem sendo utilizado para outras áreas de saúde.
O Homem Virtual é mais do que o ensino da anatomia: ensina fisiologia e fisiopatologia. Por exemplo: o que é aterosclerose, como se forma e quais as consequências? Isso não se ensina em anatomia. É necessário mostrar a fisiopatologia, como é o processo que causa a placa de ateroma e como obstrui.
Hoje a Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP tem o maior acervo de computação gráfica de alta qualidade do Brasil e é baseado em referências bibliográficas.
Homem Virtual e a impressão em 3D:
O surgimento da impressora 3D está facilitando mostrar que o Homem Virtual é um objeto. A matriz utilizada para construir partes do corpo, da fisiologia e da fisiopatologia está sendo utilizada para criar as estruturas anatômicas impressas em 3D. Como a produção tem uma fidelidade científica, é chamada de anatomia realística, porque se aproxima da realidade. As sequências do Homem Virtual podem ser utilizadas também com recursos oferecidos por tablets de realidade aumentada, por isso chama-se anatomia realística morfofuncional, porque além da estrutura estática é possível mostrar como funciona.
Potencialização do ensino:
A melhoria da qualidade de ensino das faculdades de medicina e da área de saúde depende de investimentos relacionados com as impressões de peças em 3D, para que professores possam ensinar aos alunos as partes mais relevantes, como uma forma de minimizar o problema da falta de doações de corpo humano para aprendizagem de anatomia para formação profissional. Em relação à formação do Ensino Médio e Fundamental, o que ocorre atualmente é o ensino apenas da teoria, não se aprende de fato, são apenas informações sobre o corpo humano. Com o uso de impressões 3D, usando resina de plástico ou isopor, madeiras etc, pode-se esculpir estruturas anatômicas fazendo com que o aluno vivencie. No que diz respeito ao aprendizado cultural, as peças também podem ser expostas em museus, permitindo que os visitantes visualizem as estruturas anatômicas. Um exemplo é o Catavento Cultural e Educacional em São Paulo, onde as pessoas interagem e vivenciam na seção do Homem Virtual, reservada para o corpo humano.
A grande revolução que se vive atualmente a partir do acervo do Homem Virtual usando impressora 3D é a possibilidade de atingir três focos: melhoria da qualidade da formação profissional, com mais qualidade ao ensino; ajudar os alunos dos ensinos médio e fundamental a conhecer melhor o corpo humano com aprendizado vivencial; e a possibilidade de difundir os conhecimentos em saúde em todos os espaços culturais de saúde.
“A impressora 3D, juntamente com as novas tecnologias interativas, para fins de saúde, vai ser o fator condicionador de levar mais qualidade na formação e no aprendizado em saúde”. (Chao Lung Wen – Chefe da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP)